terça-feira, 1 de março de 2011

Violinos da despedida

Você me renuncia, e eu vejo como um ato libertário

Talvez fosse mesmo a hora de resgatar o que nos resta de dignidade, de sobriedade

Para que possamos seguir seguros, em pé, mesmo um sem o outro, mesmo sem depósitos de amor, feitos com amor, num passado nem tão longíquo assim

Você conheceu minha fragilidade, você conheceu meu íntimo, você sentiu meus lábios carnudos nos seus miúdos, meu calor, meu cheiro, meu corpo afobado, desingonçado, desmontando o seu por cima do meu, desejando ser desejado. Eu te levei ao meu particular, e nós sabíamos exatamente o que fazer quando estávamos a sós

Você leu meus versos para o seu amor, e mesmo assim quis ser meu amor. Hoje, talvez, eu não duvide tanto disso

É bom que nos distanciemos agora, para causar dores suportáveis

Eu lembro que você me acarinhava com abraços longos e íntegros, como poucas pessoas sabiam fazer, e por isso demorou para que, só agora, eu pudesse aceitar a nossa indiferença

Nossa embriaguez foi nossa heroína, nos permitiu prolongar o que havia de ser propositadamente prolongado pelo destino, que não foi muito nosso amigo, covenhamos... Foi um milagre o nosso amor. Empatia feroz. É triste não conseguirmos mais a profundidade que tínhamos. Tínhamos a nudez no olhar, com feições de ternura que esquentava nossos corações - assim como quando toma-se um chá quando muito quente -, e nos protegia do medo, que presenciou toda a nossa entrega.

Sinto que tudo foi muito intenso, fugáz, verdadeiro enquanto havia reciprocidade, e eu acho que é isso que deve permanecer em nossas considerações.

Contudo, não deu nem pra perceber quando foi o momento em que realmente nos deixamos

Não vejo o porquê lhe odiar, já conversamos sobre isso

"Nós nos amamos ainda, eu sei. A gente só não se quer mais."



Um beijo eterno, e puro, do que foi seu amigo, seu parceiro, seu.
(Bad Girl - Madonna)

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